Observando a realidade de jovens
habitantes das periferias urbanas, envolvidos em situações de exclusão,
constata - se a dificuldade destes sentirem-se ou reconhecerem-se como
protagonistas, como sujeitos capazes de intervir em seu mundo. Cidadania - e seus termos correlatos - no
mais das vezes, é entendida como algo
abstrato, inalcançável.
Esta é uma questão que remete
às condições de vida da juventude inserida em classes populares especialmente
quando pensamos em termos de auto-estima. No entanto, parece que segmentos
desta juventude conseguem a exercer o propagado protagonismo quando passam a
participar de grupos de diferentes naturezas: organizações de caráter cultural,
artístico, partidário, religioso, esportivo, etc. Têm - se assim, que, esta
noção de protagonismo pode implicar níveis diferenciados de participação,
dando-se a partir de um grupo local, por exemplo, até a participação efetiva na esfera das
políticas públicas, via Conselhos representativos.
Nesse sentido, cabe destacar que na cena
política brasileira recente, observa-se a implantação de políticas que seguem
modelos mais próximos do que se entende por democracia, isto é, aquelas nas
quais está “prevista e facilitada à participação mais ampla possível dos
interessados”, Bobbio (1986). Cito como exemplo a criação dos Conselhos de
Juventude em nível nacional, estadual e municipal, datados a partir de 2000,
que constitui um campo interessante de análise quando se propõe compreender
estas novas formas de negociação entre Estado e sociedade civil.
Estas são, portanto, algumas
questões que permitem pensar o universo social da juventude no Brasil. Um
segmento que vivencia, cotidianamente, desafios de escolarização, de inserção
no mercado de trabalho, do agravamento de violências. Neste sentido, políticas
públicas são formuladas, propugnando novas representações sociais e
possibilidades de inserção deste segmento. As observações colocadas neste
trabalho, representam esboços de análise sobre consensos acerca de determinadas
expressões, como é o caso do mencionado protagonismo juvenil.
BOTA A CARA, SAI DA TOCA E VEM PRA SELVA